quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
AO QUE VENCER (CURIOSIDADE)
A CRUZ DE CARAVACA
A história de Caravaca, por certo, é formada de episódios ricos que estão registrados; porém, o fato lendário perdurou e a Igreja não abre mão do mágico aparecimento da Cruz de Caravaca, tendo-o como real, verídico e milagroso.
No ano de 1231, reinava na Espanha o rei Abu Zeyt, conhecido como Muhammad Ben Yaquib.
Em Caravaca, na fortaleza maior, Muhammad mantinha prisioneiros, um grupo de cristãos, suspeitos de tramarem contra os invasores. Entre o grupo, de aproximadamente quinze pessoas, encontrava-se, incógnito, um sacerdote de nome Gines Perez Chirinos que ministrava aos seus companheiros o conforto da religião.
Essas práticas foram descobertas pelos guardas e o fato chegou aos ouvidos de Muhammad que, interessado, mandou vir à sua presença o religioso prisioneiro, para conhecer as suas atividades e descobrir se estava sendo arquitetada a insurreição*. (*é o mesmo que rebelião)
Foram várias audiências mantidas com Muhammad, que ficou impressionado com o religioso a ponto de se interessar pela atividade de sacerdote e o que significava a celebração da Santa Missa.
Chirinos viu a oportunidade, não exatamente de melhorar a sua situação de prisioneiro, mas a de preparar a alma do Rei para uma utópica conversão ao Cristianismo.
Certo dia Muhammad, com mais paciência, pediu a Chirinos que lhe explicasse o mistério da Eucaristia. Chirinos objetou de que não poderia fazer o desejo do Rei, porque não dispunha dos elementos necessários para celebrar o ato sagrado.
Muhammad, julgando que Chirinos não desejava satisfazer a sua curiosidade, irritou-se, recomendando severidade no tratamento dos prisioneiros.
Com o passar dos dias, a curiosidade e talvez o toque espiritual divino, passaram a preocupar o Rei a ponto de perder a tranqüilidade.
Mandou vir, novamente, à sua presença Chirinos que se apresentou em lastimável estado de penúria e sofrimento.
Muhammad, com palavras suaves, tornou a pedir ao sacerdote que celebrasse a Missa e que fizesse uma relação de tudo quanto necessitaria para o ato.
Comovido, Chirinos foi enumerando todos os objetos necessários e pediu um local apropriado; foi escolhido um recanto da fortaleza, próximo à torre, que foi limpo, ordenado e preparado para a instalação de um altar.
Chegando às mão de Chirinos os elementos, foi fácil verificar que haviam sido retirados dos altares das igrejas, resultando, assim, em uma visível profanação.
Negou-se Chirinos a prosseguir na sua tarefa, pois, o que havia sido profanado, não poderia servir ao sacrifício.
Muhammad então exigiu de Chirinos o prosseguimento dos preparativos, sob pena de serem os seus companheiros de cárcere torturados até a morte. Sem alternativas Chirinos prosseguiu.
Chirinos havia montado o altar, preparado o vinho e o pão e treinado dois companheiros de prisão para servirem como acólitos, todos devidamente trajados de conformidade com os costumes da Igreja; o sacerdote estava comovido.
O Rei mandou chamar os seus amigos e familiares e se dispôs com grande atenção e emoção a presenciar o ato máximo de uma 'Magia' Cristã.
Foi naquele preciso momento de expectativa que Chirinos se deu conta de que havia esquecido de pedir o elemento principal: uma Cruz!
Notando o nervosismo de Chirinos, e vendo lágrimas em seus olhos, Muhammad indagou o que estava acontecendo. Quis saber o que significava a Cruz e por que era imprescindível a presença daquele símbolo.
O local onde eles se encontravam era iluminado pela luz solar que penetrava através de uma abertura sobre o Altar.
Chirinos vendo frustrado seu trabalho e temendo ser castigado como ameaçara o Rei, com palavras confusas e balbuciantes tentou descrever a Cruz.
Muhammad, com o olhar posto na abertura sobre o Altar, apontou com as mãos para ela e com voz embargada pela emoção: "É isso aí, a Cruz?"
Chirinos acompanhou o gesto de Muhammad e viu assomarem pela janela dois anjos luminosos, trazendo em suas mãos uma Cruz!
A Cruz, que tinha um formato curioso, uma composição da Cruz Latina com Tau, revestida de pedraria, toda de ouro, foi colocada pelos anjos, no seu devido lugar, sobre o Altar. Um dos Anjos disse que a Cruz era parte da Cruz do Calvário.
Todos tinham os seus olhares fixos na Cruz e não perceberam como os Anjos desapareceram.
O silêncio era comovente.
Chirinos, como possuído por uma força estranha, começou a celebrar.
Muhammad, seus familiares e todos os presentes, converteram-se naquele momento ao Cristianismo.
Todos os prisioneiros foram libertados e aquela fortaleza foi transformada em Igreja.
Misteriosamente, e isso ninguém sabe, precisamente no dia 14 de Fevereiro de 1934, a Cruz desapareceu.
(Extraído do Livro "A Origem de Tudo", autor: Rizzardo da Camino).
Assinar:
Postagens (Atom)